Sempre estudei em colégios religiosos,
primeiros anos da vida em colégio de freiras e depois em colégio de Padres, e
por esse motivo, tive algum contato com a religião desde criança. Fui batizado
na igreja Católica, fiz primeira comunhão etc... mas se me convidassem pra ir à
missa já de cara ia dizendo, acredito em Deus, mas não acredicto em Padres.
Mas será que eu acredictava em Deus mesmo, ou só
dizia que acreditava pra não ter o saco arrombado por pessoas que não conseguem
conceber um ser humano ateu?
Enquanto eu era criança, sei que realmente
acreditava, até rezava todas as noites... pois buen, uma noite meu pai não
boutou de viagem... ele sofreu um acidente na estrada e morreu. Meu mundo havia
desabado. Minha crença em Deus, tinha ido completamente pro vinagre.
Como Deus pôde permitir que meu pai tivesse
morrido? Eu só tinha 14 anos? Minha irmã 13!
Quando comecei a fazer esses questionamentos,
parece que acordei de um sonho. Quem sou eu no meio desse mundão todo? Como eu
posso estar indignado com Deus por ele ter permitido meu pai morrer se, ele
permite tantas tragédias pelo mundo! Se ele permite violência infantil, abuso
infantil, padres abusando de crianças, seqüestros, tsunamis... como Deus, que
manda na porra toda, pode permitir tanta maldade?
Pois buen, quando mais pensava nessas coisas,
mais minha fé ia pro espaço. Mais achava que Deus era simplesmente uma invenção
para controlar as pessoas. E com êxito, pois tem uma porção de idiotas que
entregam grande parte dos seus salários nas mãos de pastores filhos da puta de
Igrejas de fachada que exploram o nome de Deus para o buen próprio.
Bom, foda-se isso.
Certa vez, fui com meu carro em um xurras numa
cidade vizinha a minha. E, claro, não preciso nem dizer que enchi muito a cara,
não conseguia nem andar direito, quanto mais dirigir, mas ao anoitecer, saí de
lá e me encaminhei para outra festa, em outra cidade vizinha a minha. Ou seja,
peguei a BRzona em estado lastimável. No meio da cidade de Piraquara, acabei
passando muito rápido por uma passagem de nível (trilho de trem) e meu rádio
parou de funcionar! Putaqueopariu, eu blebado, dirigindo num lugar que não
conhecia muito buen, sem música para manter minha alegria, tava fudido. Quem
iria me fazer companhia naquela jornada? Uma coisa é estar very loko ouvindo
música, outra é estar very loko sem a diversão do Punk Rock em alto
volume...
Mais por costume mesmo, sei lá, vício de
linguagem, eu pedi Pelo Amor de Deus que o rádio funcionasse novamente. E, como
por milagre, do nada, alguns poucos segundo depois, a música começou a tocar
novamente e meu ânimo renasceu. Claro que não agradeci a Deus isso,
principalmente por não ter nem pensado que ecxistia conexão alguma com o que
aconteceu e Deus. Na minha cabeça era só problema de Osmar. Os mar contacto! E
probabelmente era isso mesmo.
Bom, dirigindo não sei como, acabei conseguindo
chegar à chácara dos meus amigos em Campo Largo da Roseira, e pela forma que eu
desci do carro, eles não acredictavam como eu tinha chegado até lá daquele
jeito. Agradeci novamente a Deus, mais por costume do que por achar que ele
tinha algo a ver com aquilo, cumprimentei alguns amigos, peguei uma bera e fui
directo em direção a um mocofrau dar um mijufs...
Cheguei próximo a uma árvore e comecei a fazer
o que eu estava muito precisando. Em algum momento, alguma coisa me chamou a
atenção para a cerca da chácara que estava a uns 10 metros da onde eu estava.
Olhei para o lado direito e vi alguém parado do outro lado da cerca! Logo que
eu olhei, a pessoua ergueu o braço como se estivesse a me cumprimentar.
Por motivos óvios, eu não lembro a descrição
exacta da pessoua que vi, mas realmente me pareceu um velho barbudo, só que não
era bonitão que nem o Antonio Fagundes, nem tão legal quanto o Morgan Freeman,
mais parecia um mendigo. Achando que realmente era um mendigo, lembrei do
Odair, um senhor meio mendigão que vivia por aquelas bandas e em toda a festa
aparecia pra compartilhar do nosso goró. Imaginando que era ele, cruzei a mão
esquerda, que estava com a bera, na frente do corpo e fiz um sinal de brinde
pra ele. E ainda falei, peraí que eu to mijando, já chego aí!
Olhei o velho barbudo, ele estava sorrindo
ainda com a mão levantada, guardei a biróla e comecei a andar em sua direção.
Andei, olhando diretamente pra ele e quando estava há uns três metros ele
simplesmente desapareceu. Do nada. Sumiu!
Fiquei ainda alguns segundos procurando o tal
Odair, mas alguma coisa em meu cérebro (acharam que eu iria escrever coração,
burrus!) me fez pensar que não era o Odair. Naquele momento senti uma paz
enorme. E eu juro por ele que estava lá, eu tive a certeza de que eu tinha
visto Deus.
Boutei pra roda de amigos e eles já viram minha
cara estranha e claro, quando eu contei que tinha visto Deus, eles não
acreditaram. Ainda mais pela situação toda, eu estar mijando, ele do outro lado
da cerca... perguntaram que tipo de drogas eu estava usando, mesmo eles sabendo
que eu não uso droga nenhuma. Pra comprovar o que eu tinha visto, perguntei
sobre o Odair, e eles falaram que, por algum motivo que eu não me lembro agora,
ele não estava por aquelas bandas...
Aí eu tive certeza, era Deus!
Por um bom tempo, após esse ocorrido, eu vivi
em paz comigo mesmo. Feliz de tudo! Mas como a vida não é um filme, muito menos
uma novela em que tudo se resolve no último capítulo, e eu, felizmente, ainda
não estava nos últimos capítulos da minha vida...
Com o tempo, acabei esquecendo desse episódio,
e acabei novamente me deixando levar por toda as desgraças que ocorrem o tempo
todo por aí.
Logo já não acredictava em Deus novamente.
Afinal, Deus nunca iria se dignar a aparecer para um cara blebado mijando em
uma árvore! Era mais fácil acredictar que o Deus Vingativo mandasse um raio
para me destruir naquele momento.
Novamente estava eu, vivendo minha vida por mim
mesmo, sem acredictar em nada além do que eu podia ver e tocar.
Muitos anos após essas factos todos terem
acontecido, estava dando aulas em uma instituição para pessoas Portadoras de
Necessidades Especiais e um aluno meu, muito querido, me apareceu com o Livro:
A Cabana.
Eu já tinha ouvido falar muito desse livro, que
fala de Deus, etc... e isso fez com que eu sempre passasse longe dele, mas ele
estava ali, na minha frente, nas mãos de um aluno que me fez mudar o jeito de
enxergar o mundo, eu tinha que ler.
Claro, me ajudou muito o facto de ser viciado
em leitura, e só não ler mais pusquê o computador e a Tv me atrapalham muito
nesse assunto, mas comecei a ler o livro meio cético de tudo. Principalmente por
odiar modinhas. Pra mim, se algo é tido como ótimo por uma multidão, eu vou
achar uma merda! Sim, sou chato para caralho!
Como probabelmente todo pai e mãe que leu
aquele livro, se solidarizou muito com o personagem que perdeu sua filha. Solidarizou-se
e, em algum momento, não teve como conter o pensamento terríble de passar por
aquela situação desgraçada. Terminar de ler aquele livro era uma forma de
descobrir como acaba o sofrimento de alguém que passa por tamanha provação
nessa vida.
Mas, durante a leitura do livro, me deparei com
um Deus buen parecido com o que eu vi no Rancho do Vô (chácara do meu amigo) e
fiquei novamente lembrando de tudo aquilo que havia acontecido comigo.
Para o personagem do livro, Deus teria
aparecido como uma Mãezona negra e gorda. Pra mim, ele se apareceu como um
senhor maltrapilho, mas muito feliz.
Facto é que, esse é o Deus que eu acredicto. Ou
que eu quero acreditar. Pra mim, ou Deus é esse senhor cheio de amor, ou então
não estou nem aí para o fato dele existir ou não.
Ou melhor, até prefiro que ele não ecxista.
Afinal, se Deus realmente é esse ser controlador, cheio de ira, justiceiro,
vigilante, onipotente e onipresente, que sabe de todas as nossas cagadinhas,
estamos fudidos, somos todos pecadores. E aí, se somos todos pecadores, o
Inferno será nossa morada eterna. Mas pensando buen, pensando no Céu desse Deus
Vingador, talvez o Inferno seja mais divertido.
Pensem de verdade, quem quer morar eternamente
num lugar sem graça, com anjos tocando Harpa, arcanjos tocando Trombetas... Ah,
tomar no zuc.
Pior não é só o facto de Deus ser assim,
nervosão, pior é o fato de Deus ser tão distante, não estar nem aí com a sua
criação. Simplesmente nos fez e nos largou no mundo. Só esperando a gente fazer
merda pra cair de pau em cima com seus castigos.
Deus assim, seria tão abomináble como um homem
que, engravidou uma mulher e simplesmente sumiu. Nunca boutou pra ver como estavam
as coisas, nunca ajudou em porra nenhuma, mas a mãe sempre ameaça seu filho: Algum
dia seu pai vai vir com uma cinta gigantesca na mão para castigar você que não
obedeceu suas vontades, mesmo a mãe nunca deixando claro para a criança, quais seriam
suas vontades!!!!!!!!!!
Sérgio, eu não perderia meu tempo acredictando
num Deus desses! Afinal, de que adiantaria, eu iria acredictar nele, mas sempre
seria um pecador e estaria condenado ao Inferno!!
Eu sempre imaginei um Deus estilo do livro a
Cabana, não uma negra gordona, nem aquele que apareceu para mim, mas um Deus Funfarrão,
um Deus feliz, um Deus paizão.
Se assim for, estamos juntos, se não, foda-se
ele.
Se for pra acredictar em Deus, o criador,
prefiro acredictar no Deus Pai. O Deus que ama seus filhos incondicionalmente.
O Deus que sabe que seus filhos irão falhar continuamente, sabe que seus filhos
em algum momento irão lhe decepcionar, sabe que seus filhos agem
conscientemente contra sua vontade, mas mesmo assim, os ama.
Parem e pensem, faria algum sentido um Deus
mau? Um Deus controlador?
Sim, para Igreja faria!
Mas nessas descrições de Deus a coisa é tão
controversa, que mesmo Jesus que já falou da Ira de Deus, falava sempre no Deus
do Amor, Deus do Perdão.
É só observar a História do Filho Pródigo. Um
Deus mauzão nunca teria perdoado esse filho, ao invés de acolhê-lo com todo o
amor do mundo.
E a coisa toda parece que só serve mesmo para
confundir a mente das pessoas, mantendo-as sempre “temente” a um Deus criado
por pessoas desejosas de poder!
Uma hora Deus é bom, outra hora ele é
implacável. Uma hora é o Deus do amor, outra hora a Ira de Deus irá cair sobre
a terra!
Ah, tomar no Edu.
Enfim amiguinhos, se Deus não ecxiste, somos
todos iguais, todos vamos acabar quando morrermos.
Se Deus ecxiste e é o Deus Paizão, estamos buen
na fita. A menos que comecemos a fumar pedra, espancar a mãe e a Avó, nos vemos
num céu divertido de tudo.
Mas por outro lado, se Deus ecxiste e é o Deus
mauzão, estamos fudidos, somos todos pecadores e nos vemos no Inferno, mas não
sem antes uma indagação a qual, eu considero, muito pertinente:
Deus mauzão, se você abomina tanto os pecados
da carne, pusquê não nos fez de plástico?
Amém
Tweet
Perdi 15 minutos de sol e praia lendo sobre suas experiencias com ácido....
ResponderExcluirE o que vc faria na praia?
ResponderExcluirQueria se mostrar pras garotitas andando sobre as águas?
Tome tento Jesus Luz, a imprensa ainda vai te crucificar!